SAMBA DO SINO NA GAROA Vol. I


Samba do Sino na Garoa  Volume I                                                                                        
Um Recorte da História do Samba de São Paulo


“Um recorte dentre tantos possíveis
das obras dos sambistas da Pauliceia,
perfilados dentro de um contexto, 
criando um enredo de Sambas.”





O SEMBA significa “umbigada”, representa uma forma de dançar. É uma dança em que os dançantes formam círculo; quem dança realmente é um par, destacado do círculo e posto em evidência no centro dele; o passo, ou melhor, o movimento característico desse par dançarino é a umbigada, fim culminante dos floreios coreográficos.

É a expressão cultural de uma nação miscigenada. O batuque veio da África, e aqui em terras brasileiras foi criado o ritmo Afro-Brasileiro, com influência dos povos que aqui desembarcaram, como os Europeus por exemplo. Essa grande confluência cultural é o embrião do SAMBA, que acontece no país de norte a sul e de leste a oeste, carregado de temas e influências regionais, formando o mais rico alimento para a alma e a identidade cultural de um povo. O Samba nasceu no Brasil, e faz parte de um processo secular de evolução que ainda continua se desenvolvendo. Assim, existem as particularidades do Samba em cada região, e em sua família temos o seu primo o Maxixe, o Jongo que é considerado seu avô, que fazem parte deste processo de enriquecimento. No Nordeste era chamado de Coco. No litoral norte de Pernambuco Samba Matuto, Na Bahia Samba de Roda e era carregado de Axé. No Rio de Janeiro Samba de Partido Alto. Em São Paulo era chamado de Samba de Roda, Samba de Bumbo, Samba Lenço, Samba Rural, este último batizado por Mário de Andrade. Dentro dos terreiros de Candomblé ou Umbanda, no Sincretismo, nas Festas Profanas Religiosas, ou na incorporação e aperfeiçoamento de instrumentos importados da África, dos Mouros, Portugal, entre outras culturas.
                                                                               
Samba do Sino na Garoa é um recorte deste universo “SAMBÍSTICO”, uma pequena mostra das obras dos Sambistas da Paulicéia, perfiladas num contexto, um pequeno enredo de sambas. Nas suas poesias, harmonias e melodias cantamos a sua história.     

São Paulo, a terra da garoa, tem influência muito contagiante das culturas rurais. Samba a Moda Paulista. Desta forma foi denominado o Primeiro Samba de São Paulo a ser gravado em 1923, pela Casa Edison do Rio de Janeiro. Trata-se do samba “O TATU SUBIU NO PAU” de Eduardo Souto, santista de nascença. Santos, como outras cidades do interior paulista são referências quando falamos do Samba da Terra da Garoa. 

Assim como não existe um passo marcado para o Samba, pois sua dança originariamente é marcada pelo improviso dos passistas, criando evoluções que levam a sua marca, também não existe uma única fonte de inspiração. Assim cada um tem UM JEITO DE FAZER SAMBA.

Em São Paulo o grande reduto do Samba foi o BATUQUE DE PIRAPORA na cidade de Pirapora do Bom Jesus, através das Festas Profanas Religiosas e dos encontros de Grupos nos Barracões, como é relatado por D Ester a Rainha do Samba de Pirapora.

A transformação da Rádio Nacional carioca em uma empresa Estatal na era Vargas,  foi utilizada para difundir as propagandas governamentais. Getúlio Vargas instituiu o Samba Carioca como a música brasileira, e a Rádio Nacional que abrangia  todo o território nacional, como instrumento de sua difusão.

As demais rádios não possuíam autorizações para expandir seu raio de difusão, ficando apenas com as transmissões regionais. As emissoras paulistas trilham seu caminho através das modinhas sertanejas que se popularizavam através de papeis impressos que geralmente tratavam de temas cotidianos da cidade, e os mais tristes e trágicos eram impressos em papel vermelho. Uma triste história de amor terminada e uma tragédia: IRACEMA, ou então de um sambista que sai de casa, a mulher lhe dá um CRAVO BRANCO, outro se ofende, e antes da meia noite morre com um tiro no peito, são os folhetos deste enredo.

Com a crise dos cafezais paulistas muitos trabalhadores rurais migram para a Capital Paulista fincando residência na periferia da cidade, como Largo da Banana, Barra Funda, Glicério, etc. Nestes locais aconteciam as batucadas,uma delas era a dos engraxates, na Praça da Sé. Nas rodas também acontecia a Tiririca, espécie de disputa de golpes em que um oponente tenta derrubar o outro com pernadas. O nome tiririca vem de uma planta de mesmo nome que é rasteira. Muitos foram os sambistas que participavam destas batucadas. Esta é a RODA DE SAMPA. Nas rodas de samba a mulata sacudia para lá e para cá. E para o sambista o samba sem ela não pode ficar, então GUARDE A SANDÁLIA DELA.

Em versos o poeta canta que a TRISTEZA DO SAMBISTA é saber que a favela virou poesia na boca de quem nunca soube o que é sofrer. Mesmo se arrependendo depois, como relatado em depoimento de Toquinho, Vinicius de Moraes, em determinada ocasião, utiliza uma frase que o lembrará, mesmo após a sua morte “São Paulo é o Tumulo do Samba”, o que na verdade é o CUMULO DO SAMBA.

Mas Deus nos deu o dom de sonhar, então vamos sonhar todo SANTO DIA. Novos compositores surgem para abraçar o samba, cantando a sua história, seu sincretismo: SANTA BAMBA, baseado no ritmo “Morna” de Cabo Verde. Nas últimas décadas São Paulo vem se destacando pela efervescência de novos redutos na periferia, são as Comunidades e Terreiros de Samba que cantam a Velha Guarda do Samba incentivando novos compositores, cantando o Samba de Quadra ou Samba de Terreiro, reascendendo a chama e criando um NOVO QUILOMBO, que renasce com gente bamba, pois o Samba é a alegria do Brasil.

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